sexta-feira, 31 de março de 2006

«SAP sempre» exigiu população de Silves em vigília

«SAP Sempre». Esta foi a mensagem que os utentes do Centro de Saúde de Silves escreveram com velas no lancil do passeio em frente daquela unidade de saúde, ontem à noite, durante uma vigília.

Na vigília, organizada pela Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Silves, participaram cerca de trezentas pessoas.
Os utentes voltaram a protestar, assim, contra o anunciado encerramento, durante a noite, do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) daquele Centro de Saúde.
Hélder Patrão, porta-voz da Comissão de Utentes, disse ao barlavento.online que o objectivo de mobilizar o maior número de pessoas «foi atingido».
Face ao sucesso da iniciativa de quinta-feira à noite, que se segue a outra manifestação em 20 de Janeiro passado e à entrega de um abaixo-assinado com 2300 assinaturas, Hélder Patrão adiantou ao barlavento.online que serão promovidas «mais iniciativas de protesto, todas criativas e dentro da legalidade, independentemente do encerramento» nocturno do SAP avançar, tal como previsto pela Administração Regional de Saúde, até ao final do ano.
O porta-voz referiu ainda que «as visitas de entidades oficiais à nossa zona» serão aproveitadas para os utentes mostrarem o seu desagrado pela posição tomada pelo Governo.
Uma das pessoas participantes no protesto de ontem à noite foi Francisco Lebre, de 76 anos, residente em Alcantarilha e utente do SAP de Silves, que se queixou da distância entre a sua terra e o serviço de urgência mais próximo, em Portimão. «Há pessoas na serra sem transporte, por isso para elas ainda será mais difícil», alertou.
Por sua vez, Cláudia Caetano, de 25 anos, moradora em São Bartolomeu de Messines, avisou que a «população idosa» do concelho e que tem poucas posses financeiras vai ter de «deslocar-se a Portimão ou Albufeira» para receber cuidados médicos.
Hélder Patrão foi mais longe, salientando que «existe população a mais de 40 quilómetros de distância de Silves e que se encontra dispersa e mal servida de acessos». «Como é que essas pessoas vão ter acesso a cuidados de saúde com a rapidez necessária?», interrogou.
O encerramento entre a meia noite e as 8 horas da manhã do SAP de Silves já foi anunciado pela Administração Regional de Saúde (ARS), no âmbito da reestruturação da Rede Nacional de Cuidados de Emergência, e deverá ocorrer até ao final do ano, embora não tenha ainda sido anunciada uma data.
Rui Lourenço, presidente da ARS do Algarve, já tinha afirmado anteriormente que, apesar de compreender que a «população prefira que os cuidados estejam o mais perto possível das suas casas», é «preferível um acesso mais rápido da vítima a serviço com capacidade de resposta técnica».
É que, argumenta a ARS, uma das principais razões para o encerramento do SAP de Silves são as condições para prestar cuidados de urgência, já que «as situações que requeiram atendimento urgente especializado perdem tempo precioso em serviços sem qualificação para a prestação de cuidados de urgência/emergência.».
Por outro lado, segundo o responsável pela saúde no Algarve, em anteriores declarações ao barlavento.online, «em média, durante a noite, o SAP de Silves atende sete pessoas, das quais apenas 1,5 justificam a urgência. Os restantes poderiam ser atendidos no horário programado».
Como as directivas do Ministério da Saúde dizem que devem encerrar todos os SAP que não atendam um mínimo de 10 utentes por noite, o serviço de Silves está na lista negra para encerrar a qualquer momento.
Publicado no Jornal Barlavento

Sem comentários: